Nosso Confrade, Dr. Gilmário Mourão Teixeira, recebeu justa e honrosa homenagem, no dia 16 de setembro de 2020, quando foi inaugurado o Posto de Saúde CDFAM da Prefeitura de Fortaleza, com o seu nome.
Posto de Saúde - CDFAM - Prof. Gilmário Mourão Teixeira
Rua Pernambuco N° 1674.
Bairro planalto Pici - Fortaleza-CE
Na ocasião, seu filho Eduardo Teixeira proferiu o discurso de agradecimento.
Eduardo Teixeira e Gilmário Mourão Teixeira |
Discurso proferido na inauguração do Posto de Saúde CDFAM
Prof. Gilmário Mourão Teixeira – 16/09/2020
Meu pai dizia que a experiência e o tempo lhe ensinaram que o Discurso, sem dúvida o mais desacreditado dos gêneros – tem como virtudes ser claro, conciso e curto. Portanto, serei breve.
Vivemos em um país sem memória, quase que acometido por uma pandemia de Alzheimer. Acontecimentos de poucas décadas atrás são esquecidos ou desconsiderados.
Escrevendo sobre o assunto, meu pai disse uma vez...abro aspas “Não se inventa a história. Ela acontece através dos fatos havidos na vida dos povos, das instituições e de todo objeto da criação humana. E sempre há a figura da testemunha para atestar a verdade do fato histórico.”
Deve-se sempre dar a devida importância aos legados que nos são oferecidos a todo instante por pessoas que passam por nossas vidas, por nossas instituições.
Agradeço em nome de nossa família, portanto, à prefeitura de Fortaleza e à Universidade Federal do Ceará a lembrança do nome do meu pai para este novo ambiente de promoção à saúde. Imagino que sempre haverá aquela pessoa que vai olhar para esta placa e se perguntará: quem foi Gilmário Mourão Teixeira?
Como médico meu pai atuou para aliviar a dor e salvar vidas. Como sanitarista, preveniu a morte de outras tantas.
Hoje estamos diante de uma pandemia. A primeira. Outras virão. Em pleno século 21, em Fortaleza, a covid-19 mata 138 pessoas por 100.000 habitantes.
Em 1950 a tuberculose matava 300 pessoas por 100.000 habitantes em Fortaleza. Foi quando meu pai, à frente de equipe multidisciplinar, inaugurou o Sanatório de Maracanaú, hoje Hospital Dr. João Elísio de Holanda, e foi seu primeiro diretor.
Vejam a dimensão do desafio enfrentado naqueles anos 50.Após mais de 20 anos tratando dos doentes, meu pai havia acumulado uma larga experiência com as ferramentas de prevenção à tuberculose.
Foi então que, ao aceitar convite para ser consultor da Organização Mundial da Saúde, resolveu cuidar da doença.
Em sua trajetória internacional de 10 anos na América Latina, desenvolveu um ambicioso e inovador programa de prevenção à tuberculose. Informes científicos indicam que o programa, até os dias atuais, é adotado em vários países das Américas, da África e da Ásia.
Mas acredito que seu maior legado continuará entre nós através de seus alunos, estes sim, verdadeiras testemunhas dos seus ensinamentos científicos, mas acima de tudo, transmissores de sua mensagem sobre a importância da ética, da integridade e da solidariedade.
Encerro com uma mensagem de meu pai aos seus colegas médicos, “exaltando cada sacrifício que não poupam para aliviar a dor, a angústia e a insegurança do paciente, cada gesto de compaixão praticado frente à miséria que a doença encerra, cada silêncio recôndito que desnudou a incapacidade do médico ante a grandeza da morte, tudo para que o doente reconquistasse a saúde e a Medicina avançasse através dos tempos, sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência, dogmas que um dia todos juraram cumprir com fidelidade”.
Eduardo Teixeira
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